Pedro Gomes
Registrado: Segunda-Feira, 25 de Outubro de 2004 Mensagens: 1102 Localização: Lisboa
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Enviada: Dom Abr 08, 2012 6:46 pm Assunto: Grandes Provas: EVS 2011 |
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Nos dias que correm parece que já ninguém dispensa a escolha dos melhores, nisto, naquilo e naquele outro. Por acaso, ou talvez não, os vinhos são um produto paradigmático dessa tendência: desde marcas a produtores, passando por enólogos, rótulos ou estratégias de comunicação, tudo constitui motivo mais do que suficiente para parir uma pequena lista de "ilustres". Nada a objectar, muito pelo contrário. Em todo o caso, esse tipo de tarefa obriga a rigor, critério e... justiça!
Ora, sempre me pareceu imcompreensível e profundamente injusto que nessa panóplia de "best of" não entrasse o parâmetro "Melhores Provas/Eventos" (a designação admite alguma elasticidade). E, portanto, por uma questão de congruência, entendi que era chegada a hora de fazê-lo. E, nada melhor para começar do que passar em revista o ano transacto.
Mais do que distribuir "medalhas", a minha ideia é alertar para provas/eventos a quem é devido um merecido reconhecimento pela forma como procuraram dar a conhecer o vinho. Os critérios utilizados nesta escolha (importa que isso fique bem claro) foram única e exclusivamente a qualidade dos vinhos provados bem como a logística montada em torno dessas provas. Não foi o evento em si que procurei valorizar (não tenho vocação para cronista social) mas sim o vinho de per si, assim como toda a estrutura montada com o intuito de que o mesmo saísse valorizado. Contas feitas são um punhado de provas/eventos que marcaram o calendário em 2011.
E, para começar, nada melhor do que aludir ao "Encontro com o Vinho e com os Sabores", evento organizado pela Revista de Vinhos e que, todos os anos, por altura de novembro, invade a cidade de Lisboa. O número de provas constantes do "menu", a reputação dos produtores "em palco", a qualidade dos vinhos a escrutíneo e, não menos importante, a forma criteriosa como é montado o "cenário de prova" fazem do EVS um evento incontornável. É assim há muitos anos e nada sugere que as coisas venham a mudar. Para regozijo de apreciadores e enófilos...
Aproveito a ocasião para agradecer a Luís Lopes e a João Geirinhas as facilidades concedidas durante o evento. Este relato não seria possível sem a disponibilidade e amabilidade de ambos. Já chega de paleio. Passemos ao que interessa.
1ª PROVA (EMPORSPIRITS) - Champanhes, Cavas e outras Borbulhas
Vinhos Provados
Posseco Canevari s/data (Itália)
Um espumante de estrutura simples, com bolha média/fina, muito centrado nas notas de maçã, aqui e ali envoltas por nuances florais. Nada agressivo, com a mousse a desembocar num final adocicado com repetição do fruto de polpa branca. Um vinho simpático, sem ambições de maior, mas suficientemente versátil para me ter trazido à memória uma salada de frutas. Quem sabe...
Cava L' Hereu Reserva Brut 2008 (Raventós i Blanc/Espanha)
Tonalidade pérola impregnada de esverdeados. Abre num misto de notas fumadas e tostadas embebidas nalgum fruto seco e num apontamento de borracha. A boca mostra uma força carbónica levemente excessiva e o perfil do vinho, tocado por leve apetrolado, redirecciona-se, agora, para a componente citrina, mais perceptível na moderada persistência final.
- Ruinart Brut s/data (Ruinart/Champagne)
A empatia é imediata não só pela delicadeza da bolha como pelo efeito visual da perlage. Um vinho moderado na corpulência, combinando sugestões lácteas com maçã e elementos vegetais. A cremosidade da mousse e a suavidade dos sabores imprimem ao vinho uma sofisticação menos comum. Um vinho muito bem feito e uma excelente "rampa de lançamento" para começar a perceber porque razão champanhe... é Champagne!
Cava Gran Reserva de la Finca 2007 (Raventós y Blanc/Espanha)
O primeiro impacto aponta para um estilo mais austero, bastante centrado nas notas vegetais. Com o tempo vai perdendo timidez dando espaço a que desfilem notas citrinas, pêssego, alperce e elementos tostados muito suaves. Um vinho macio, que faz questão de mostrar delicadeza ao palato e que projecta as notas citrinas e vegetais num final com óbvia ambição. Um belo exemplar daquilo que "nuestros hermanos" conseguem fazer com a dupla fermentação.
Ruinart Brut Blanc de Blancs s/data (Ruinart/Champagne)
Nota: Ui... está tudo estragado! Quando se entra no "campeonato a sério" parece que tudo o que está para trás é descartável. Alerto os incautos para a necessidade de gerir de forma judiciosa este tipo de abordagem porque há nela muito de emocional. E avaliar vinhos (medir-lhes a qualidade) deve assentar esmagadoramente em critérios racionais. Posto isto...
- Cava de Nit Rosé 2008 (Raventós y Blanc/Espanha)
- Ruinart Brut Rosé s/data (Ruinart/Champagne)
- D. Ruinart Vintage 1998 (Ruinart/Champagne)
continua...
Um grande abraço e... até já!
Pedro |
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